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Como surgiram os Conclaves? A história por trás da eleição dos papas

Informações/ Redação Itapuama FM

Divulgação Varicano- sala de votação na capela Sistina
Divulgação Varicano- sala de votação na capela Sistina

Com o início do 54º Conclave da história moderna da Igreja Católica, realizado a partir desta terça-feira (7), surge também a curiosidade sobre a origem desse processo que define o sucessor de Pedro. Embora hoje os conclaves sigam regras rígidas de sigilo e isolamento, nem sempre foi assim.


Antes do Conclave: eleições sem normas fixas


Nos primeiros séculos do cristianismo, a eleição do papa era uma prática local e descentralizada. Os bispos de Roma eram escolhidos pelo clero da cidade, muitas vezes com a participação do povo e, em vários momentos, sob a influência direta do poder político. Imperadores romanos e, mais tarde, reis e nobres europeus interferiram nas escolhas, nomeando ou vetando candidatos.


A situação começou a mudar no século XI, quando o papa Nicolau II instituiu, em 1059, que apenas os cardeais-bispos teriam autoridade para eleger o papa, restringindo a participação popular e a pressão externa. Ainda assim, os conflitos entre famílias romanas, a influência de monarquias e a ausência de um procedimento claro continuaram a gerar disputas e até a eleição de antipapas — líderes rivais que reivindicavam o trono papal de forma paralela.


Um processo desorganizado e prolongado


A eleição papal após a morte de Clemente IV, em 1268, ilustra bem o caos anterior ao Conclave. O processo durou quase três anos, com cardeais divididos, pressionados por autoridades civis e confinados em uma sala por ordem da população local. A demora extrema gerou um escândalo e deixou claro que era necessário regulamentar o processo.


A criação do Conclave em 1274


A solução veio com o Concílio de Lyon II, convocado pelo papa Gregório X em 1274. Foi ali que nasceram oficialmente as regras do Conclave — do latim cum clave, que significa “com chave” — indicando que os cardeais seriam trancados em um local fechado, sem contato com o mundo exterior, até escolherem um novo pontífice.


As regras previam:


  • Isolamento total dos cardeais eleitores

  • Redução progressiva no conforto e alimentação, caso a escolha demorasse

  • Proibição de pressões externas e comunicação com o mundo civil

  • Obrigatoriedade do sigilo absoluto



Essas normas visavam garantir rapidez, imparcialidade e discernimento espiritual livre de influências políticas.


O Conclave de número 54


O Conclave iniciado em 2025, com a morte do Papa Francisco, é o 54º desde a adoção oficial do sistema em 1276. Ao longo dos séculos, as regras foram aperfeiçoadas por documentos como as constituições apostólicas Universi Dominici Gregis (João Paulo II, 1996) e Praedicate Evangelium (Francisco, 2022), mas a estrutura geral permanece fiel à proposta de Gregório X: um momento de recolhimento, oração e responsabilidade histórica.

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