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Construtora na lista suja do trabalho escravo recebeu mais de R$ 467 milhões de contratos públicos em Pernambuco

Redação Itapuama FM, com informações do Jornal Pernambuco


Imagem reprodução- Auditor do trabalho
Imagem reprodução- Auditor do trabalho

A F.R.F Construções, empresa incluída em abril de 2025 no Cadastro de Empregadores que mantiveram trabalhadores em condições análogas à escravidão — a chamada “lista suja” do Ministério do Trabalho —, já foi beneficiada com mais de R$ 467 milhões de recursos públicos no Estado de Pernambuco ao longo da última década. A informação foi levantada pelo Diario de Pernambuco, com base em dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE).


Apesar das denúncias e da operação realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em agosto de 2024, que resgatou 24 trabalhadores em alojamentos da empresa no município de Ipojuca, no Litoral Sul, a F.R.F ainda mantém contratos em vigor com as prefeituras de Recife, Paulista e Ipojuca. Juntos, esses contratos somam mais de R$ 134 milhões. Segundo as administrações municipais, os acordos foram firmados antes do episódio, mas medidas de apuração e revisão estão sendo consideradas.


A fiscalização realizada pelo MTE constatou que os trabalhadores da F.R.F viviam em alojamentos superlotados, sem acesso a água mineral, sem equipamentos de proteção individual (EPIs) e em condições precárias de higiene. Itens básicos como colchões, ventiladores, papel higiênico e até utensílios de cozinha eram adquiridos pelos próprios funcionários. A alimentação oferecida pela empresa era insuficiente e padronizada em uma cesta básica mensal.


Após a operação, a empresa assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT), comprometendo-se a melhorar as condições oferecidas aos seus empregados. Entre as medidas exigidas estão o fornecimento de água potável, estrutura adequada de alojamentos com cozinhas, lavanderias e banheiros, além de indenizações por danos morais coletivos e individuais. Mesmo com o TAC em vigor, o MPT instaurou um inquérito civil em setembro de 2024 para seguir apurando irregularidades.


O levantamento mostra que, nos últimos dez anos, a F.R.F recebeu mais de R$ 435 milhões em contratos com prefeituras e cerca de R$ 32 milhões do Governo do Estado. O maior valor individual pago foi em 2023, pela Prefeitura de Ipojuca, que desembolsou mais de R$ 10 milhões por obras de drenagem. O Governo de Pernambuco contratou a empresa para 52 serviços, sendo o mais caro uma obra de pavimentação em Glória do Goitá, no valor de R$ 8,5 milhões, em 2022.


A Prefeitura do Recife afirma estar analisando os contratos vigentes à luz das denúncias. Já a Prefeitura de Ipojuca declarou que os contratos foram celebrados pela gestão anterior e que está tomando medidas administrativas. Em nota, Paulista ressaltou que as empresas que participam de licitações devem apresentar certidões atualizadas e que o contrato com a F.R.F será revisado se houver comprovação de ilegalidades. O Governo do Estado informou que os contratos firmados com a empresa na atual gestão já foram encerrados ou estão em fase final.


A F.R.F Construções, que tem como sócio-administrador Fernando Correa de Araújo, não respondeu aos contatos feitos pela reportagem por telefone e e-mail até o fechamento da matéria.

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