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O plano ‘Punhal Verde e Amarelo’: as evidências da conspiração para eliminar autoridades

Foto do escritor: Raul SilvaRaul Silva

Brasília – O inquérito PET 12.100 do Ministério Público Federal revelou detalhes chocantes sobre um plano de eliminação física de autoridades do governo eleito, arquitetado por membros da organização criminosa liderada pelo então presidente Jair Bolsonaro e seus aliados mais próximos. Nomeado internamente como “Punhal Verde e Amarelo”, o plano previa o assassinato de figuras chave do Judiciário e do Executivo para inviabilizar a posse do presidente eleito e instaurar um regime de exceção.


Imagem gerada por IA simbolizando a Conspiração que culminou no Plano Punhal Verde e Amarelo
Imagem gerada por IA simbolizando a Conspiração que culminou no Plano Punhal Verde e Amarelo

A Origem do Plano e a Consolidação da Conspiração


A partir de 2021, o grupo passou a adotar um tom mais radical em relação às instituições democráticas. Segundo o MPF, havia registros de trocas de mensagens e reuniões onde se discutia “a necessidade de neutralizar opositores de forma definitiva caso não fosse possível garantir a continuidade do governo por meios institucionais”. Documentos encontrados na investigação mostraram que esse plano foi se estruturando ao longo dos meses, ganhando contornos de uma conspiração efetiva.


De acordo com a denúncia, o grupo formulou uma lista de alvos, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal, o presidente eleito e membros do Tribunal Superior Eleitoral. "A estratégia envolvia a eliminação cirúrgica dessas figuras para gerar um vácuo de poder e justificar a decretação de um estado de emergência", destaca o inquérito.


O Envolvimento de Militares e Grupos Extremistas


Os investigadores apontam que setores específicos das Forças Armadas e milícias digitais foram acionados para garantir a operacionalização do plano. "O grupo buscou apoio dentro das forças militares e de setores de segurança pública para viabilizar uma intervenção violenta", revela a denúncia. Um general influente no grupo teria afirmado que “o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições”.


Os Passos da Execução e a Falha do Plano


A conspiração atingiu um novo nível de periculosidade nos meses de novembro e dezembro de 2022. Durante esse período, o MPF apurou que células operacionais foram formadas para monitorar os alvos e preparar o terreno para ações coordenadas. "Foram feitas movimentações financeiras suspeitas, treinamento de células extremistas e recrutamento de ex-agentes das forças de segurança", destaca a investigação.


No entanto, o plano começou a desmoronar quando parte da alta cúpula militar se recusou a aderir à conspiração. A denúncia revela que houve tentativas diretas de cooptar comandantes militares, mas muitos deles se mantiveram firmes em defesa da Constituição. "A falta de apoio consolidado dentro das Forças Armadas dificultou a execução do plano", afirma o inquérito.


Outro fator determinante foi o vazamento de informações sensíveis para setores da imprensa e autoridades legais. "Os documentos recuperados mostram que havia desconfiança interna no grupo, e parte dos envolvidos temia as repercussões jurídicas caso o plano fracassasse", conclui o MPF.


Da esquerda para a direita: Presidente Lula, Ministro Alexandre de Moraes e Vice-presidente Geraldo Alckmin - Foto Reprodução.
Da esquerda para a direita: Presidente Lula, Ministro Alexandre de Moraes e Vice-presidente Geraldo Alckmin - Foto Reprodução.

O Papel das Redes Sociais na Mobilização


Paralelamente às articulações diretas, a organização criminosa usou massivamente as redes sociais para inflamar apoiadores e testar a adesão da população ao plano. "Houve uma intensificação das campanhas de desinformação, buscando deslegitimar o sistema eleitoral e preparar o terreno para a aceitação de medidas extremas", aponta o inquérito.


Mensagens obtidas pelos investigadores revelam que influenciadores digitais alinhados ao grupo foram instruídos a criar um ambiente de terror psicológico. "A estratégia envolvia espalhar que o Brasil estava sob ameaça comunista iminente, justificando ações radicais para evitar a posse do novo governo", diz o relatório do MPF.


O 8 de Janeiro e o Fim da Conspiração


Com o fracasso da adesão militar e o crescente monitoramento das autoridades, o grupo passou a apostar na radicalização popular. Isso culminou nos ataques violentos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. Segundo o inquérito, "o movimento de 8 de janeiro foi uma tentativa final de criar o caos e forçar as Forças Armadas a intervirem".


No entanto, o plano não obteve êxito e, em vez disso, fortaleceu as ações judiciais contra os envolvidos. "A tentativa de desestabilização foi esmagada pela pronta reação das instituições democráticas, e a identificação dos responsáveis permitiu que o plano ‘Punhal Verde e Amarelo’ fosse desmantelado antes de sua execução final", conclui o MPF.



O inquérito PET 12.100 expõe um dos episódios mais graves da história democrática do Brasil. A conspiração revelada pelo plano “Punhal Verde e Amarelo” não foi apenas uma ameaça retórica, mas uma operação bem estruturada que chegou perto de seu desfecho trágico.


As investigações continuam, e a sociedade agora enfrenta o desafio de compreender a extensão do perigo e garantir que medidas sejam tomadas para impedir novas tentativas de ataques ao Estado Democrático de Direito. "A necessidade de vigilância e responsabilização se impõe para que a democracia brasileira não volte a ser ameaçada por grupos extremistas", alerta o MPF.

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