Casos de violência dentro das escolas se multiplicam em PE: Aluna é agredida por pai de outro aluno dentro de escola em Arcoverde
- Zalxijoane Ferreira
- há 3 dias
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Conteúdo exclusivo - Itapuama FM
A morte de Alícia Valentina, de 11 anos, espancada por um colega em uma escola municipal de Belém do São Francisco, em setembro deste ano, reacendeu o debate sobre a eficácia das políticas públicas de segurança escolar em Pernambuco.
Os números oficiais corroboram essa preocupação. Dados da Gerência Geral de Análise Criminal e Estatística (GGace) mostram que, apenas nos primeiros oito meses de 2025, foram registrados 25 casos de bullying e 4 casos de cyberbullying nas escolas pernambucanas – um crescimento de 31,6% em relação ao ano de 2024 inteiro, que contabilizou 19 casos de bullying e 2 de cyberbullying.
Apesar da robusta legislação estadual, como a Lei nº 18.532/2024 (Marco Legal de Enfrentamento à Violência nas Escolas) e a Lei nº 18.663/2024, a chamada “Lei Professor Seguro”, os casos de violência nas escolas públicas de Pernambuco continuam em alarmante crescimento.
Casos graves, incluindo, denúncias de homicídio, assédio e abuso sexual, além de agressões a estudantes com deficiência, reforçam a percepção de falhas na implementação das políticas públicas.

O caso mais recente em Arcoverde expõe a falta de segurança nas unidades escolares do município e a falta de transparência da Gerência Regional de Educação (GRE).
Na última semana, após um pai de aluno da Escola Jornalista Edson Régis - localizada no bairro São Cristóváo, em Arcoverde - entrar na escola livremente e agredir uma aluna, de 13 anos, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintepe) enfrentou dificuldade para obter informações sobre o caso, tendo que recorrer a contatos informais para descobrir o local do ocorrido.
Por conta da gravidade da agressão, a jovem teve que ser socorrida de ambulância para uma unidade hospitalar. A nossa reportagem continua em busca da família da vítima para saber o seu estado de saúde e as providências que a família deve tomar.
Depois que o caso veio à tona, a Gerência Regional de Educação confirmou acompanhar o caso, mas não divulgou detalhes, inclusive sobre as condições do aluno agredido ou medidas adotadas.

A escola publicou nota lamentando o fato e garantindo medidas legais e proteção à comunidade escolar, sem detalhar ações concretas. Professores ouvidos afirmam que, apesar das leis e programas como o Sistema de Ocorrência Escolar e a Patrulha Escolar, não veem impacto real na segurança diária.
Muitos casos nem chegam a usar os canais oficiais de denúncia, como o número 197, por desconfiança, medo de represálias ou falta de divulgação.
Além disso, o aumento de perfis falsos em redes sociais para ameaçar professores, registrado em localidades como Bodocó, revela expansão da violência escolar para o ambiente digital, sem respostas eficazes até o momento.
No post da nota, no Instagram da Escola, muitos comentários de pais de alunos que não sabiam do que tinha acontecido. Outros, preocupados com a recorrente falta de segurança.
A discordância entre o discurso oficial e a realidade vivida por educadores e estudantes aponta para a necessidade urgente de revisar estratégias, investir em prevenção real e garantir transparência nas ações, assegurando ambientes escolares verdadeiramente seguros e acolhedores.
A nossa reportagem solicitou uma resposta à Secretaria de Educação do Estado que, através da sua assessoria de imprensa, enviou nota informando que "assim que tomou conhecimento do ocorrido, a gestão da escola acionou imediatamente a Polícia Militar e o Samu".
A nota da Secretaria também informou que "periodicamente, as escolas da Rede Estadual realizam ações voltadas para o combate à violência, incentivando sempre a prática da cultura de paz dentro do ambiente escolar".
A assessoria da pasta ainda destacou que está contratando psicólogos para as escolas estaduais: "Além disso, a SEE está contratando psicólogos para as unidades de ensino como forma de oferecer apoio aos estudantes e à comunidade escolar".
Confira a íntegra da nota:
Nota
A Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco informa que, assim que tomou conhecimento do ocorrido, a gestão da escola acionou imediatamente a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A SEE esclarece que, periodicamente, as escolas da Rede Estadual realizam ações voltadas para o combate à violência, incentivando sempre a prática da cultura de paz dentro do ambiente escolar.
Além disso, a SEE está contratando psicólogos para as unidades de ensino como forma de oferecer apoio aos estudantes e à comunidade escolar.
O órgão comunica que a escola dispõe de porteiro para controle de acesso, sistema de câmeras de monitoramento e integra a rota da Patrulha Escolar. A gestão da escola permanece à disposição das autoridades competentes e a SEE reitera que não compactua com nenhuma forma de violência dentro das unidades de ensino e repudia esse tipo de comportamento.
A pasta está à disposição da população por meio da Ouvidoria, canal oficial de denúncias sobre irregularidades nas ofertas dos serviços educacionais das escolas públicas estaduais de Pernambuco.
Para formalizar a denúncia, é necessário entrar em contato com a Ouvidoria através do número 0800.286.8668, pelo e-mail ouvidoria@educacao.pe.gov.br ou pelo site www.educacao.pe.gov.br, na aba Ouvidoria.
O departamento de jornalismo da Rádio Itapuama FM continua atento para os casos de agressão que vêm acontecendo nas escolas estaduais e se coloca à disposição de pais e alunos que queiram enviar denúncias. O WhatsApp para é o (87) 9 9952-5260.
Da redação/Itapuama FM. Imagens: Reprodução/Redes Sociais.
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