Luto na MPB: Morre aos 73 anos o cantor e compositor Lô Borges
- Zalxijoane Ferreira

- 3 de nov.
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O cantor e compositor Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina, morreu na noite deste domingo (2), aos 73 anos.
A informação foi confirmada nesta segunda-feira (3), pela família do artista.
O artista mineiro estava internado no Hospital Unimed, em Belo Horizonte, desde o dia 18 de outubro, tratando um quadro de intoxicação medicamentosa.
Segundo a assessoria de comunicação do hospital onde o cantor estava internado, a morte ocorreu na noite deste domingo (2), às 20h50, em decorrência de falência múltipla de órgãos.
No sábado (25), o cantor foi submetido a uma traqueostomia para estabilizar o quadro respiratório, visto que tinha dificuldades para respirar. Dois dias depois, ele iniciou o processo de hemodiálise.
Salomão Borges Filho, conhecido no meio artístico apenas como Lô Borges, nasceu na capital mineira em 10 de janeiro de 1952 e se consagrou, no decorrer dos anos, como um dos principais nomes da Música Popular Brasileira (MPB). Ao lado de Milton Nascimento, o Bituca, e Beto Guedes, ele ganhou reconhecimento pela atuação no Clube da Esquina.
O artista lançou mais de 14 discos. No Spotify, Lô Borges conta com cerca de 500 mil ouvintes mensais. Entre as canções mais ouvidas e gravadas de Lô Borges estão Um Girassol Da Cor Do Seu Cabelo, O Trem Azul e Paisagem da Janela.
Vida e obra
Sexto filho de uma família de 11 irmãos, Salomão Borges Filho nasceu no bairro Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, e se mudou ainda criança para o Centro da cidade, durante uma obra na casa em que vivia. A mudança temporária transformou, para sempre, a vida de Lô e a música brasileira.
Aos 10 anos, nas escadas do Edifício Levy, na Avenida Amazonas, ele conheceu o vizinho Milton Nascimento.
"Sentei na escadaria, dei de cara com um carinha tocando violão, era o Bituca. Eu tinha 10 (anos), e ele tinha 20. [...] Fiquei vendo o Bituca tocando violão, e ele assim comigo: 'Você gosta de música, né, menino?'", contou Lô Borges em entrevista ao programa Conversa com Bial, em 2023.
A moradia no centro ainda rendeu outro encontro.
"Dois meses depois, ao acaso também, andando pelas ruas do Centro de BH, eu conheci o Beto Guedes, que também tinha 10 anos, andando numa patinete. Eu fiquei encantado pela patinete, abordei o cara, o cara era Beto Guedes", disse.
Clube da Esquina
A família Borges voltou a morar no Santa Tereza, e Lô, já mais velho, seguiu os passos dos irmãos e tomou gosto pela música nas ruas do bairro boêmio. Milton Nascimento, que já não era mais vizinho, continuava frequentando a casa da família Borges.
"Tocou a campainha lá na casa da minha mãe, era o Milton Nascimento falando: 'Cadê o Lô?'. 'Ah, o Lô tá na esquina, num lugar que eles chamam de 'clube da esquina', ele está lá'. Aí o Bituca veio com o violãozinho dele, comecei a mostrar a harmonia que eu estava fazendo, era uma harmonia do Clube da Esquina, ele começou a fazer a melodia, e aí a gente fez a parceria Clube da Esquina. E na época ele já era famoso, eu era anônimo", contou Lô Borges.
E foi nas esquinas das ruas Divinópolis com Paraisópolis que músicas conhecidas mundo afora foram escritas. O Clube da Esquina se transformou em movimento musical e, em 1972, virou o nome do disco que foi considerado, mais de 50 anos depois, o maior álbum brasileiro de todos os tempos.
O disco também foi eleito o nono melhor de todos os tempos de todo o mundo no ranking da revista norte-americana "Paste Magazine", que listou 300 discos icônicos da história da música mundial.
No mesmo ano em que assinou o álbum Clube da Esquina, Lô Borges gravou e lançou o primeiro disco solo, o Disco do Tênis.
Pausa e retomada
O sucesso repentino fez com que Lô Borges desse um tempo dos palcos. O artista viveu um período em Arembepe, na Bahia.
"Eu estava vivendo a minha vida, tocando violão, eu não parei de compor, as canções foram se avolumando na minha vida, aí eu voltei em 78, com muito mais maturidade e fiz um álbum que eu considero um dos melhores álbuns que eu já gravei, que já compus, que é o Via Láctea".
Em 1984, Lô Borges fez sua primeira turnê por todo o Brasil com o disco Sonho Real. Na década de 1990, uma parceria com Samuel Rosa, na música "Dois Rios", trouxe Lô de volta aos holofotes.
Desde 2019, o artista mantinha a tradição de lançar um álbum de músicas inéditas por ano. O último foi Céu de Giz, em agosto de 2025, uma parceria com Zeca Baleiro.
Da redação/Itapuama FM.
Foto: Bárbara Dutra/Divulgação.
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