PF conclui investigação e indica esquema de fraude milionário no programa Leite de Todos em Pernambuco
- Michael Andrade

- 8 de jul.
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Após três anos de investigação, a Polícia Federal em Pernambuco concluiu o inquérito que apurou um esquema de fraudes bilionárias no programa social Leite de Todos, financiado com recursos dos governos estadual e federal. A apuração, conduzida pela Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), resultou no indiciamento de 40 pessoas, entre empresários e servidores públicos.
De acordo com a Polícia Federal, o grupo atuava por meio de contratos fraudulentos, empresas de fachada e adulteração do leite distribuído à população. A COOPEAGRI (Cooperativa dos Pecuaristas e Agricultores de Itaíba) é apontada como o centro da fraude. A sede da entidade funcionava apenas formalmente numa loja de miudezas pertencente à filha do presidente da cooperativa. Entre 2014 e 2020, foram repassados mais de R$ 73 milhões à COOPEAGRI pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário. Nos anos seguintes, entre 2021 e 2022, os repasses ultrapassaram R$ 22 milhões, com parte dos recursos oriundos do extinto Ministério da Cidadania.
As investigações revelaram o uso de recibos falsificados de pelo menos 33 produtores rurais já falecidos, com o objetivo de justificar a compra de leite in natura. Também foi constatada a adulteração do leite distribuído com adição de soro e substâncias como citrato e dióxido de titânio. A prática teria colocado em risco a saúde da população atendida pelo programa, especialmente crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade.
A empresa Natural da Vaca Alimentos LTDA, com sede em Gravatá, aparece como a principal executora do contrato, sendo o local onde o leite era processado e adulterado antes da distribuição.
Foram indiciados como líderes do esquema os empresários Paolo Avallone, proprietário da Natural da Vaca; Francisco Garcia Filho, vinculado à Planus Administração e Participações; e Severino Pereira da Silva, presidente da COOPEAGRI.
O caso teve origem em relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), que em 2020 apontou desvio de R$ 8,5 milhões no programa. A PF aguarda agora manifestação do Ministério Público Federal, que deve decidir sobre o oferecimento de denúncia formal. Os crimes investigados incluem organização criminosa, peculato, falsificação de documentos, fraude em licitação e crime contra a saúde pública.
Da redação Itapuama FM, com informações da Folha das Cidades.


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