Vítima pede justiça: Psicólogo preso por abuso sexual em Arcoverde está solto
- Zalxijoane Ferreira

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Atualizado: há 3 dias

Em entrevista exclusiva neste sábado (15) à repórter Zalxijoane Ferreira, a estudante Saskia Ferreira, de 21 anos, traz o seu testemunho como vítima de abuso sexual e psicológico. Ela se deparou com uma realidade antes mesmo de uma primeira audiência: o seu agressor - o psicólogo Higor Tenório, de 28 anos - preso em março deste ano, foi colocado em liberdade pela justiça.
A estudante relata que não entende como ele pôde ter sido solto, mesmo com todas as provas apresentadas por ela, e que foram aceitas pela polícia como válidas. Os vídeos e fotos mostravam os abusos que aconteceram durante 2 anos.
Outras cinco vítimas do agressor também fizeram denúncias contra Higor e foi por conta dessas denúncias e das provas apresentadas que o acusado foi preso pela polícia civil de Arcoverde, através da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Arcoverde.
"Ele só tem que pagar pelo que fez! Ele não pode tá fazendo isso com mais ninguém!", desabafou Saskia.
Em conversa com a nossa reportagem, a secretária da Mulher de Arcoverde, Lucitelma Soares, disse estar perplexa com a soltura do acusado, já que as provas apresentadas eram contundentes, e que vai recorrer da decisão, além de pedir uma medida protetiva de urgência para a vítima.
"A delegada da Mulher, Cristina Gomes, fez um apurado detalhado naqueles dias, acompanhou todas as vítimas ouvidas junto com a equipe da Secretaria da Mulher, até o momento da prisão. Nós ficamos perplexas, porque realmente tinha muitas provas e essa saída dele da cadeia foi, de fato, uma surpresa. A vítima tem vídeos, mensagens, muita coisa que foi entregue à justiça. A gente vai recorrer e ver o que é possível fazer com a advogada da Secretaria da Mulher de Arcoverde. Inicialmente a gente já vai pedir a medida protetiva para Saskia. Ela vai contar com todo o apoio da secretaria", afirmou Lucitelma.
A secretária também explicou que ela e a sua equipe ouviram e acompanharam - não só Saskia, mas todas as vítimas, em "todos os momentos na delegacia, inclusive teve dia do carro da secretaria ir buscar e levar em casa".
"Mas ela (Saskia) nunca sinalizou que queria ser atendida por lá. A psicóloga sempre entrou em contato com ela. Também acho que a medida protetiva não foi concedida porque ele foi preso rápido, disse a secretária da Mulher de Arcoverde.
Procurada pela reportagem da Rádio Itapuama, a advogada do acusado, Jacyelle Sandy Pereira dos Santos, enviou nota onde explica que "não houve qualquer tentativa da defesa em protelar a realização da audiência" e que "nenhuma audiência foi cancelada 'em cima da hora', por capricho da defesa (...) o próprio Judiciário reconheceu que não havia motivo jurídico para mantê-lo preso". Ainda de acordo com a nota da defesa, "todos que conviveram com Higor sabem que ele sempre foi defensor das mulheres e das minorias, jamais agressor". Confira a nota completa no final dessa reportagem.
Leia mais: Caso de soltura de acusado de estupro revela fragilidade da lei e é um tapa na cara da sociedade
Relembre o caso - Higor Vicente Tenório Ribeiro, de 28 anos, foi preso no domingo, 23 de março de 2025, acusado de assédio sexual e estupro mediante fraude. Segundo denúncias, ele se passava por psicanalista e usava "cartas" para convencer mulheres de que só alcançariam equilíbrio mental através de relações sexuais com ele. No total cinco denúncias foram registradas.
À época, a denúncia foi revelada pela Itapuama FM e pelo Blog Falando Francamente, após relatos das vítimas e a prisão do acusado.
Confira a nota enviada pela defesa de Higor Vicente Tenório Ribeiro:
NOTA À IMPRENSA – RÁDIO ITAPUAMA FM
ASSUNTO: ESCLARECIMENTOS SOBRE O PROCESSO JUDICIAL DE HIGOR VICENTE TENÓRIO RIBEIRO
A advogada Jacyelle Sandy Pereira dos Santos (OAB/PE 51.659) vem, por meio desta nota, prestar esclarecimentos à população sobre o processo judicial envolvendo Higor Vicente Tenório Ribeiro, a fim de corrigir informações distorcidas e evitar novos prejuízos à sua imagem e dignidade.
Em primeiro lugar, é importante esclarecer a qualificação profissional de Higor Vicente:
Higor nunca atuou como psicólogo clínico, tampouco é psicanalista. Ele exerceu função administrativa no CAPS, sem realização de atendimentos clínicos ou terapêuticos, ao contrário do que foi repetido em redes sociais e em alguns veículos de comunicação.
No que diz respeito ao acervo probatório e às alegações de abuso, o processo contém elementos que precisam ser conhecidos pela sociedade:
– O laudo pericial médico não constatou lesões corporais de interesse médico-legal compatíveis com a narrativa de violência.
– Todos os aparelhos eletrônicos de Higor foram apreendidos e periciados, com extração integral de dados, inclusive conversas em aplicativos de mensagem. Todas as conversas extraídas foram juntadas aos autos, permitindo completa análise pelo Judiciário e pelo Ministério Público.
Além disso, é necessário registrar que não houve qualquer tentativa da defesa em protelar a realização da audiência. Nenhuma audiência foi cancelada “em cima da hora”, por capricho da defesa:
– A primeira audiência foi redesignada em razão do exíguo tempo para análise da prova, evitando cerceamento de defesa.
– A segunda foi remarcada porque o Magistrado tinha júri previamente designado em outra Comarca, o que torna incompatível a realização de dois atos simultâneos.
Neste contexto, a liberdade de Higor Vicente Tenório Ribeiro não foi fruto de “favorecimento”, mas de avaliação técnica e louvável do Juízo, que concluiu não estarem mais presentes os requisitos para manutenção da prisão cautelar. Em outras palavras, o próprio Judiciário reconheceu que não havia motivo jurídico para mantê-lo preso.
Mas, antes mesmo de qualquer decisão judicial final, é preciso dizer com todas as letras:
Higor já sofreu a mais cruel das penas: a morte social.
Por causa da história de que ele seria um perfil fake, atribuíram a ele uma identidade que não é sua. Ele perdeu emprego, profissão, amigos e o respeito social. Foi julgado e condenado pela opinião pública antes de ser ouvido em Juízo. A injustiça chegou ao ponto de ele não conseguir estar presente no enterro do próprio irmão, falecido durante o curso do processo.
Todos que conviveram com Higor sabem que ele sempre foi defensor das mulheres e das minorias, jamais agressor. Mesmo assim, viu sua vida ser destruída por uma narrativa que a defesa contesta veementemente nos autos.
A minha atuação neste caso nasce da convicção na inocência de Higor e da defesa intransigente do devido processo legal. Justiça não se faz com linchamento virtual, com exposição sensacionalista ou com julgamentos antecipados. Justiça se faz com prova, responsabilidade e respeito à dignidade humana.
Por fim, reafirmando que a defesa continua a acreditar na Justiça, a atuação seguirá sendo firme e técnica para que a verdade processual prevaleça e para que Higor tenha a oportunidade de reconstruir sua vida, após tudo o que já sofreu. (JACYELLE PEREIRA
OAB/PE 51.659)".
Da redação/Itapuama FM.
Vídeo: João Filho. Edição: Michael Andrade.
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